O Porriño é o ponto de partida desta segunda etapa do
Caminho Português. Será uma jornada tranquila, onde o
maior esforço será na subida a Santiaguiño de Antas. Os nossos passos
levar-nos-ão por meios rurais e acessíveis para o peregrino, que assim terá a
oportunidade de descobrir joias do património galego como o Paço dos Marqueses
de Mos ou a igreja de Santa Eulália.
Redondela, a vila dos viadutos, receberá o
peregrino no final da etapa com uma ampla oferta artística, natural e
gastronómica que ajudará a repor forças.
Se a nossa jornada
em O Porriño começar no Albergue Público, devemos virar à direita e atravessar
a passagem de nível. Ao chegarmos à rotunda, apanhamos à esquerda a Rua
Ramiranes, pela qual seguiremos a direito até à rotunda seguinte, que separa O
Porriño do município de Mos. Se sairmos da rua principal, devemos simplesmente
seguir a direito e acompanhar a Rua Ramiranes até à rotunda. Em todo este
percurso encontraremos várias cafetarias para tomar o pequeno-almoço e
encher-se de energia antes de iniciar o Caminho.
Os primeiros 2 km desta etapa entre O Porriño e Redondela
serão os mais exigentes, pois temos de atravessar a N-550 sem passagens
específicas para peões. Depois de abandonarmos a
enorme rotunda que recebe o peregrino em Mos, enfrentamos o primeiro cruzamento
sob a A-52, a Autovia das Rías Baixas. Podemos seguir as setas amarelas
pintadas pela Associação Galega dos Amigos do Caminho de Santiago (AGACS),
extremando os cuidados, pois a entrada do Caminho está muito próximo da faixa
de entrada na autoestrada.
A partir daqui, entramos no lugar de Ameiro Longo,
uma zona rural que se estende paralela à estrada. Passamos a Fonte do Chan e depois do abrigo de
autocarro viramos à esquerda para voltar a cruzar a N-550. Extremamos de novo
as precauções.
O nosso percurso
segue pelo Caminho da Quiringosta para avançar por um trajeto de asfalto, com
abundante arvoredo e quase sem trânsito.
O itinerário irá levar-nos ao albergue
da Associação Vicinal Santa Ana de Vegadeña, onde, para além de pernoitar,
podemos tomar um café ou pôr o carimbo na nossa Credencial. Entre vinhedos e
pinhais seguiremos pelo Caminho das Lagoas e a uns 5 km da nossa saída
encontramos um pequeno lugar de descanso com mesas, uma fonte e um monumento
dedicado a María Magdalena Domínguez, poetisa de Mos.
O Caminho levar-nos-á ao núcleo de Mos, onde o grande
atrativo é o Paço dos Marqueses de Mos, que pode ser
visitado no horário da tarde ou pedindo uma marcação prévia em pazodemos.org.
Trata-se de um paço do século XVII que foi residência dos marqueses de Mos até
à sua destruição pelas tropas francesas no século XIX. Os elementos mais
destacáveis são os três balcões de granito de pedra, as chaminés encerradas em
esfera e o escudo da casa de Mos, que é o emblema municipal.
Ao lado do Paço
encontramos a igreja paroquial, um cruzeiro e uma fonte na qual os peregrinos
podem refrescar-se.
Por último, depois
do paço, encontramos o edifício conhecido como Casablanca, que atualmente
funciona como albergue de peregrinos. Abre às 13h00, não permite reservas e custa
6 euros. É uma boa opção para os peregrinos que preferirem prolongar a primeira
etapa do seu Caminho e dormir em Mos em vez de em O Porriño. Se quisermos fazer
um descanso para repor forças, este ambiente é bom lugar, pois até quase chegar
a Redondela não teremos mais lugares para tomar algo.
Deixando o paço à
esquerda, empreendemos a subida para a
rua dos Cabaleiros que nos levará à capela de Santiaguiño de Antas. Esta
primeira encosta durará uns 400 m, na qual podemos ver a fonte dos Cabaleiros e
um lavadouro. Junto ao marco que assinala o quilómetro 92.536 está o Cruzeiro
das Almas do Santo Cristo da Vitória.
Datado de 1734, é um dos poucos
policromados da província de Pontevedra. Colocado numa encruzilhada da estrada
real que ligava Tui a Pontevedra, este cruzeiro comemora a vitória sobre o
exército francês. Ao lado encontra-se uma homenagem às vítimas desta luta e
durante o mês de abril esta parte da História é recriada com atividades lúdicas
e formativas. Podemos obter mais informação em ardeopazo.blogspot.com.
O nosso Caminho
para a capela de Santiaguiño vagueará por uma estrada local com pouco trânsito.
Nela poderemos desviar-nos para desfrutar dos numerosos furanchos que há
na zona. Para quem desconhece a existência dos furanchos, estes são casas
particulares que preparam uma zona como refeitório público, seja uma garagem,
um alpendre ou um pátio, na qual oferecem o vinho excedente da sua própria
colheita, acompanhado de comida caseira. Se tiveres oportunidade, não hesites
em saborear uma refeição galega típica num furancho.
Após 9 km, chegaremos à capela de Santiaguiño de Antas, restaurada em 2003 pela Comunidade de Montes e que se encontra rodeada
de um frondoso arvoredo e mesas para comer à sombra. Nas imediações da capela
encontramos um monumento em honra das mulheres maltratadas, fruto de uma
iniciativa local realizada em 2007. Sob o lema “Caminhar para a Igualdade”, o
Município de Mos promoveu uma rota na qual cada participante recebeu uma pedra
com o nome de mulheres assassinadas pela violência machista e posteriormente
depositou-a neste monumento do escultor Marcos Escudero.
Uns metros mais
adiante adentramo-nos já no município de Redondela e encontramos o miliário romano de Mos: o miliário de
Vilar-Guizán-Louredo. Como comentávamos na etapa anterior, o Caminho
Português segue o traçado da antiga Via XIX romana que liga Braga a Astorga.
Este miliário é, precisamente, um indicador de distâncias usado pelos romanos e
cujo nome deriva da unidade de medida que usavam: miliam passum.
Depois de termos
alcançado o ponto mais alto da jornada, começamos o descer por Vilar de
Infesta, onde o traçado nos levará a atravessar várias aldeias.
Ao lado da
churrasqueira Choles apanhamos um desvio à esquerda e daí chegaremos à paróquia
de Saxamonde, onde poderemos desfrutar da meseta de Chan das Pipas. Seguimos a
nossa descida e divisamos, pela primeira vez, a ria de Vigo. Entramos agora na
N-550, que seguiremos até chegar a Redondela. A 1 km do Albergue de Peregrinos
teremos de cruzar a estrada. Se possível, devemos fazê-lo antes da curva para
evitar problemas de visibilidade com os automóveis.
A entrada em Redondela faz-se pelo convento de Vilavella, muito transformado no século XX, mas que conserva a igreja do século
XVI. A uns metros, e sempre seguindo as setas amarelas, chegaremos ao Albergue
Público de Peregrinos, uma casa renascentista construída pela família Prego de
Montaos e que foi sede do município desde meados do século XIX até aos anos 50.
Abre às 13h00, não permite reservas e custa 6 euros.
Em Redondela podemos encontrar todo o tipo de serviços e
um bom número de lugares de interesse. Um dos
elementos mais característicos são os viadutos
ferroviários do século XIX que a sobrevoam. Trata-se do Viaduto de Madrid e
do Viaduto de Pontevedra, ambos considerados como Bem de Interesse Cultural
desde 1978. O centro histórico também apresenta vários atrativos como a igreja
de Santiago, reconstruída no século XVI ou a casa do Petán ou de Santa Teresa,
do século XVII.
Redondela encontra-se também num meio natural privilegiado: a enseada de São Simão. Se tiveres tempo,
podes visitar Serantes a apenas 3 km e usufruir das vistas da ria de Vigo e da
ilha de São Simão. Ali encontrarás um monumento muito especial: o dedicado ao
capitão Nemo de Júlio Verne, dos artistas Ramón Lastra e Sergio Portela, em
homenagem ao escritor visionário que incluiu esta ria numa das novelas mais
universais: As vinte mil léguas
submarinas. E se puderes, não hesites na visita à Ilha de São Simão.
Se chegares a
Redondela no mês de maio, deves saber que se celebra a Festa do Choco, uma jornada gastronómica na qual competem os mais
bem preparados pratos de choco: em tinta, com arroz, em empanada… Além disso,
no Dia de Corpo de Cristo, celebra-se em Redondela a Festa da Coca, declarada de Interesse Turístico Galego e
que se destaca pela sua dança das espadas e pelo baile das penlas.
Conselhos do carteiro
O que ver e fazer em Mos?
“Antes de Mos, naquele conhecido como “Caminho das Tapias” e ao lado da casa da poetisa local María Magdalena Dominguez, encontra-se a Cruz Alta de Serodio onde os peregrinos costumam parar a deixar uma pedra com as suas promessas e desejos.
Diante da bonita Igreja de Santa Eulália e junto à Calçada Romana, está o Paço de Mos. Este edifício histórico é agora sede de muitas atividades paroquiais”.
O que ver e fazer em Redondela?
“Em Redondela recomendo um percurso a pé pelo passeio da praia de Cesantes, a principal da povoação. Se a maré estiver baixa, é possível aproximar-se da estátua do Capitão Nemo.
Trata-se de várias esculturas de bronze que homenageiam Júlio Verne e o seu famoso romance As vinte mil léguas submarinas. Esta obra de César Portela localiza-se na própria ria de Vigo, pelo que os mergulhadores da sua parte inferior só podem ser vistos na baixa-mar.
Quando se põe o sol, é possível admirar a alameda de estilo francês em frente ao Município ou então sentar-se a tomar algo numa das agradáveis praças de Redondela. Um dos pratos típicos a saborear na ria viguesa são os “chocos da ria com tinta”. De facto, os habitantes de Redondela são chamados “choqueiros”.