History of the Camino

Peregrinos de toda a Europa percorrem há séculos o Caminho de Santiago. Junto aos milhões de peregrinos anônimos, que a cada ano visitam a tumba do Apóstolo, muitos são os grandes nomes relacionados à História jacobina. Todos eles, homens.
A presença das mulheres na história das peregrinações e do Caminho de Santiago ganhou força na segunda metade do século XX. No entanto, ao longo da história das peregrinações, encontramos mulheres que desempenharam um papel importante.
Egeria foi a primeira peregrina da História. Jimena Garcés, a pioneira no Caminho de Santiago. Gildeberta de Flandres pode ter escrito o Códice Calixtino. Isabel II de Portugal dotou de albergues o Caminho Português. E Santa Brígida da Suécia melhorou as condições da peregrinação a Roma, Jerusalém e Santiago.
Seus nomes não são tão conhecidos quanto os grandes nomes masculinos, relacionados à História Jacobina. Mas seu papel foi igualmente importante. Hoje contamos a história de cinco peregrinas que deixaram sua marca.
Egeria. Para encontrar a primeira mulher peregrina, precisamos voltar nada menos que à época romana. Falamos de Egeria, mulher de família patricia que no século IV peregrinou da antiga Gallaecia – a atual Galícia – até a Terra Santa.
Seu nome tem um papel destacado na história das peregrinações, já que além de realizar tão longa viagem, deixou isso registrado por escrito. Seu relato foi encontrado no século XIX e permitiu descobrir que as mulheres também participavam das peregrinações cristãs, em que condições o faziam e quais eram seus sentimentos e emoções durante o trajeto.
Jimena Garcés. E da primeira mulher peregrina da qual temos conhecimento vamos à primeira mulher que peregrinou a Santiago. Jimena Garcés foi a esposa de Alfonso III, rei de Astúrias. Junto a ele, iniciou o Caminho a Santiago de Compostela para venerar os restos mortais do Apóstolo no século X.
Na Idade Média, temos várias referências de mulheres que chegavam a Santiago. Principalmente, mulheres nobres que acompanhavam seus maridos na peregrinação e das quais temos conhecimento graças aos escritos de doações à igreja compostelana, como é o caso de Jimena Garcés.
Gildeberta de Flandres. E se o Códice Calixtino não tivesse sido escrito por Aymeric Picaud, ou pelo menos não em sua totalidade, mas por uma mulher? Esta é a teoria de vários estudiosos que apontam Gildeberta de Flandres como autora ou coautora da célebre guia de viagens do Caminho de Santiago.
Sabemos que Gildeberta acompanhou Aymeric Picaud em sua peregrinação pelo Caminho Francês. Seu nome aparece referenciado no próprio Códice com a palavra latina “socia”. Há quem pense que ela era apenas sua companheira de viagem, outros dizem que era sua esposa e há os que a apontam como suposta redatora ou co-redatora. Seja como for, o certo é que seu nome também deve passar à história do Caminho de Santiago, por ser uma das pioneiras em percorrer a Rota.
Isabel II de Portugal. A rainha lusa, casada com dom Dinis, foi a primeira peregrina conhecida a realizar o Caminho Português. Peregrinou a Santiago em duas ocasiões e ficou tão impactada pela dura experiência que os peregrinos tinham que viver, que destinou importantes quantidades de dinheiro para dotar a Rota de hospitais e centros assistenciais.
Ela também relatou sua experiência por escrito, estabelecendo em seu Livro de Horas (manuscrito que continha orações e salmos para serem recitados em momentos específicos do dia) que de abril a setembro eram os melhores meses para o peregrino, já que partia com bom tempo e retornava antes da colheita e do frio.
Santa Brígida da Suécia. Sua vida está completamente ligada às peregrinações. Sua primeira vez no Caminho de Santiago foi junto ao seu marido. Falamos da primeira metade do século XIV, quando ambos percorreram a rota a pé, que separa a Suécia de Santiago. Ao voltar, seu esposo adoeceu e, meses depois, faleceu.
Após ficar viúva, dedicou seus bens a obras de caridade e, após peregrinar a Santiago, Roma ou Jerusalém, concentrou seus esforços em fundar sua própria ordem: as brigidinas. Declarada santa pela Igreja Católica em 1391, é também a santa padroeira da Suécia, uma das padroeiras da Europa e das viúvas.
Desde então, muitas mulheres seguiram seus passos e fizeram da peregrinação sua forma de vida.
Sozinhas, em grupo, vindas da Espanha ou de países distantes. A presença da mulher no Caminho de Santiago é hoje muito importante. As estatísticas confirmam: se tomarmos os dados do ano de 2019, 55% das pessoas que receberam sua Compostela em Santiago foram mulheres, em comparação com 45% de homens.
Por isso, convidamos todas as peregrinas a compartilharem conosco seus motivos, vivências e sensações no Caminho de Santiago. Como sempre, vocês podem fazer isso nos comentários ou através de nossas contas nas Redes Sociais: Facebook, Twitter e Instagram.
¡Buen Camino, peregrinas!
*A imagem de capa deste artigo é de autoria de @caminographer.
* Versão para o Português: Bia Leis - Buen Camino: Assessoria Personalizada
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